quarta-feira, 22 de abril de 2020

A pandemia e a humanidade



     Hoje gostaria de publicar algumas palavras sobre a pandemia. Mais especificamente sobre a relação da humanidade com ela. Sem dúvida inúmeros intelectuais, eruditos, sábios e estudiosos já escreveram ou irão escrever suas impressões e meditações sobre isso, então pode parecer supérfluo esta postagem. Mas, como este é meu blog, cabe a mim escrever algo sobre isso neste ambiente.

     A diversidade humana sempre foi algo que meu encantou. As inúmeras culturas, crenças, ideologias políticas e filosofias que estão presentes ao redor do globo é um assunto de estudo instigante. E mais interessante ainda é ver como a multiplicidade humana se comporta em um momento de crise como o que estamos vivendo neste início de 2020, com a pandemia do Corona vírus e suas consequências que ainda são incertas.

      Algo tão impessoal e voraz como um vírus que destrói tudo que toca sem fazer acepção de pessoas não permite o velho comportamento de culpar o adversário. Explico: sempre que existe uma catástrofe como uma crise econômica, revolução social ou guerra é possível e confortável colocar a culpa de todas as mazelas no outro, no inimigo do grupo atingido.

        Mas como fazer isso com uma força da natureza que caiu sobre toda a espécie humana, em todas as regiões, países e continentes? Claro que vemos essa tentativa, e a nossa era das redes sociais permite que isso se espalhe. São inúmeras tentativas de achar um culpado em específico. Seja para dizer que o vírus foi uma produção do partido comunista chinês ou do departamento de estado dos EUA. Eu vejo esse comportamento como normal mas um tanto simplório, é a nossa velha mania de se ver como centro do universo.

     Mas, apesar de simplório não deixa de ser interessante e fonte de algumas meditações. Para mim, um mero pecador ignorante, e para vários sábios da Igreja a presente crise é um aviso claro de Deus, um convite ao arrependimento e para mudarmos nossos caminhos, tanto a nível pessoal como social. E felizmente são muitos os casos onde isso ocorreu. Mas nem todo mundo está com os ouvidos atentos para os paternais e misericordiosos avisos do Pai Eterno.

     Enquanto alguns se apegam a Deus com coração contrito e confiante na misericórdia Divina, se empenhando em buscar fazer a vontade d'Ele, afastando-se dos maus caminhos. Outros se apegam à vida passada aspirando por viver o mesmo que estávamos acostumado a fazer, com festas sem limites e devaneios, como se a vida humana fosse limitada a isso.

     Ao mesmo tempo, as grande figuras da política e das finanças continuam a todo vapor com seus planos e maquinações, tentando tirar proveito da situação para adiantar seus programas de poder e para encher o cofre com mais ouro corruptível. No entanto, podemos ver também gestos humanitários e de verdadeira caridade que são manifestos na ajuda aos pobres e necessitados, e no cuidado aos enfermos.

     Vemos quem quer negar a realidade sobrenatural dos acontecimentos presentes ou, pelo menos, o evidente grito de Deus para nossa conversão, apoiados na ciência natural que abrange todo campo de visão de suas almas. E vemos pessoas, sobretudo entre as seitas, proclamando-se profetas de Deus e desprezando os dados fornecidos pelas ciências naturais.

     Por fim, é em momentos como esses, em que o ser humano é atingido pelos horrores cegos da natureza e por grandes crises, que podemos tirar atos de suma caridade e de vis pecados. Irei dar dois exemplos concretos sobre isso. 

     O primeiro é um exemplo luminoso da caridade cristã verdadeiramente inspirador para todos os fiéis e pessoas de boa vontade: o sacerdote italiano Don Giuseppe Berardelli de 72 anos, que foi atingido pelo corona, cedeu seu respirador mecânico para um jovem desconhecido e veio a falecer em decorrência desse gesto magnânimo de sacrifício e caridade. Ao meditar sobre o ocorrido não posso deixar de pensar no que Nosso Senhor Jesus Cristo afirmou na noite da última ceia: 

"Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos" (Jo 15, 13). 
         O segundo exemplo aconteceu no nosso Brasil, o personagem é um empresário dono de uma madeireira no Mato Grosso. No dia em questão, ele avista um morador de rua, uma pessoa necessitada e que precisa de ajuda para se manter tanto fisicamente como espiritualmente. O personagem em questão finge que vai dar uma ajuda generosa: vinte reais! É mais do que o irmão em situação de rua esperava; com esse dinheiro talvez pudesse comer alguma coisa nesse dia. Mas, infelizmente, a única coisa que ele recebeu foi um tapa no rosto acompanhado com zombarias. Não satisfeito o nosso irmão agressor gravou tudo e o vídeo rapidamente se espalhou pela internet.
Rezo pela conversão dele e pelo conforto e recuperação do agredido...        Enfim, podemos ver que a sociedade humana é muito complexa, com um sem número de opiniões e atitudes face a uma mesma realidade. Esse meu pobre texto não consegue nem arranhar a superfície de tudo que estamos vivendo no momento e que vamos viver no futuro próximo. Mas, como eu disse na primeira postagem do blog, este é um espaço para o desenvolvimento da minha escrita e para a exposição das minhas ideias. E, como tal, reflete a minha opinião e minhas impressões; sem dúvida existem vários homens e mulheres com mais ciência e sabedoria que eu refletindo e publicando seus textos.            E quem sou eu e qual a minha visão de mundo?
     Bom, sou cristão, sou católico e afirmo: Existem dezenas de caminhos, mas só Cristo é o verdadeiro!

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